Daniel Cardoso, FCSH-UNL/ECATI-ULHT
Cristina Ponte, FCSH-UNL
Abstract
Apesar das tentativas de melhorar e modernizar a prática da Educação Sexual em Portugal (GTES, 2007), subsistem ainda graves lacunas e desigualdades no acesso à informação sobre sexualidade e saúde sexual por parte dos jovens portugueses que se reflecte nos seus comportamentos, bem como uma postura demissionária por parte de vários pais e educadores (Ferreira, 2011; Figueiredo, 2011; Marinho & Anastácio, 2011; Matos et al., 2009; Matos, Reis, Ramiro, Ribeiro, & Leal, 2014; Matos, Simões, Camacho, Reis, & Equipa Aventura Social, 2014; Nogueira, Saavedra, & Costa, 2007; Pais, 2012; P. C. M. Vieira, 2010).
Neste contexto socio-histórico, e tendo em conta o acesso relativamente alto à internet que os jovens portugueses têm (G. Cardoso, Espanha, & Lapa, 2007; G. Cardoso, Mendonça, Lima, Paisana, & Neves, 2014; Ponte, Simões, Jorge, & Cardoso, 2012) não é de espantar que um número cada vez maior de jovens recorra à internet para ver respondidas algumas das suas dúvidas sobre este tema (D. Cardoso, Não Publicado; Matos et al., 2011; C. P. Vieira, 2012); algo que, de resto, emula tendências internacionais (Kim & Syn, 2014; Simon & Daneback, 2013). No entanto, isto levanta novos problemas: é necessário que os jovens tenham as competências necessárias para localizar a informação a que pretendem aceder de facto, e para distinguir informações correctas e incorrectas, o que pressupõe um grau prévio de literacia sobre novas tecnologias e sobre sexualidade e saúde sexual, o que se pode revelar complicado (Buhi, Daley, Fuhrmann, & Smith, 2009; Eysenbach, Powell, Kuss, & Sa, 2002; Gray, Klein, Noyce, Sesselberg, & Cantrill, 2005; Hansen, Derry, Resnick, & Richardson, 2003; Pang, Verspoor, Chang, & Pearce, 2015; Travassos, Costa, Vasconcelos, & Marques, 2013). Ademais, os típicos marcadores de qualidade dos sites de internet parecem estar pouco relacionados com a qualidade da informação sobre sexualidade ou saúde sexual disponível nos mesmos (Buhi et al., 2010).
Ao mesmo tempo, os jovens têm uma visão crítica face à internet e à fiabilidade dos dados que lá encontram – aí, a troca de experiências com o grupo de pares toma particular importância e continua a ser um dos elementos a que os jovens mais recorrem ou dão mais valor, falando-se de verdadeiras “operações de bricolage” (Scarcelli, 2014) na forma como os jovens mobilizam diversas fontes de informação sobre sexualidade (Jones & Biddlecom, 2011; Jones, Biddlecom, Hebert, & Mellor, 2011; Pais, 2012; Tanton et al., 2015; Wood, Senn, Desmarais, Park, & Verberg, 2002).
A partir de 11 entrevistas semiestruturadas - realizadas no contexto de um doutoramento que inclui também uma componente quantitativa na forma de inquérito - com jovens entre os 17 e os 20 anos oriundos de vários pontos de Portugal, esta apresentação irá mostrar a importância que aceder a informação sobre sexualidade na internet tem para a sua formação, e como essa importância é marcadamente diferente consoante a orientação sexual dos mesmos. Será também problematizada a ideia do que é informação e fonte de informação sobre sexualidade, dado o papel da pornografia nos seus testemunhos (Albury, 2014; McKee, 2010).
Áudio
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