Como tem sido tradição, o Prof. Dr. Jorge Rosa convida-me, todos os anos, para leccionar uma aula no seu seminário de Cibercultura, do Mestrado em Ciências da Comunicação (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - UNL).
O tema é o mesmo - o cyborg -, mas os conteúdos vão-se alterando e adaptando. Na minha abordagem, cruzo a figura do cyborg com a teoria queer, através do dildo, rematando com a ligação entre todas estas coisas e as micro-narrativas da cidadania da intimidade. Este ano a tónica foi colocada no questionar da suposta separação entre corpo e máquina, e nos desafios epistémicos e metodológicos que isso levanta, bem como nas possibilidades políticas e de resistência que se configuram.
Durante a aula são mostrados excertos dos filmes The Matrix, eXistenZ, Crash Pad e da série de animação japonesa Serial Experiments Lain.
Gravação da aula
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Série de aulas de Cibercultura
Sessão aceite no Gender Workshop Series VII do Centro de Estudos Sociais - Coimbra
30 de Março de 2017
Resumo
Este workshop tem como objectivo pensar as não-monogamias consensuais (NMCs) enquanto práticas sociais e políticas associadas à cidadania íntima (Plummer, 1994), e portanto com implicações para o activismo e participação cívica em movimentos sociais (Della Porta & Diani, 2006, p. 20) e também para o subactivismo (Bakardjieva, 2009). No entanto, e particularmente nos últimos dez anos, estas questões têm lentamente penetrado a esfera da política formal, como é possível ver pela recente decisão do Supremo Tribunal do Canadá (Rambukkana, 2015), pelo surgimento de “uniões poliafetivas” no Brasil (Sá & Viecili, 2014) e respectivo trabalho académico dentro da área do Direito (Santiago, 2015), bem como por análises que procuram estrategicamente equiparar a ideia de orientação sexual de forma a abranger elementos como o poliamor, de maneira a utilizar a legislação já em vigor (Tweedy, 2011). De resto, tanto na literatura académica (Ashbee, 2007; Aviram, 2008; Black, 2006; Emens, 2004; Ertman, 2005; Myers, 2009), como nas práticas e atitudes registadas junto de activistas (Aviram, 2005; Aviram & Leachman, 2015), se notam paralelismos entre o movimento a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, e a criação da figura de um ‘casamento poliamoroso’.
Esta abordagem pretende problematizar a monogamia enquanto parte do Círculo Encantado (Rubin, 2007) patriarcal e parte da constituição do Estado capitalista contemporâneo (Engels, 1986), como uma estrutura histórica, económica e política que tem sido repetidamente sujeita a críticas feministas (e.g.: Rosa, 1994), da teoria anarquista queer (e.g.: Heckert, 2010) e pós-colonial. O objectivo será fazer uma leitura crítica à forma como o argumento da igualdade de género é usado para combater a diversidade relacional (Cardoso, 2014), sem porém assumir que as NMCs são intrinsecamente emancipatórias (Wilkinson, 2010), e procurar especular sobre possíveis estratégias políticas futuras.
Para quem adora: cinema, literatura, ficção científica, tecnologia, cyborgs; para quem gostou de "Ex Machina", "Her", "Only Ever Yours", "Alien", "Stepford Wives", e muito mais!
Docentes: Jorge Martins Rosa e Daniel Cardoso
Áreas: Comunicação, Política, Linguagem e Filosofia
Creditação para professores do Ensino Básico e Secundário
Formação geral e adequada: Professores do Grupos 410 e 600.
Objetivos
- Debater representações contemporâneas do ‘cyborg’.
- Discutir as implicações do cruzamento entre sexualidade e tecnologia.
- Refletir sobre a cidadania para a intimidade e sobre as consequências que a tecnologia traz.
- Capacitar para a análise crítica de obras de ficção, clássicas e recentes, sobre ciber-tecnologia, intimidade e sexualidade.
- Dar a conhecer, e refletir sobre, avanços tecnológicos recentes na área da robótica, cibernética, realidade virtual.
- Questionar os significados de corpo, sexo, sexualidade e intimidade na sociedade ocidental contemporânea.
- A partir do ‘affective turn’, pensar as implicações da ansiedade social em torno da intimidade e da sexualidade na interação com a tecnologia.
MAIS INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES
Curso Breve da Escola de Verão ECATI 2016, que resulta de uma colaboração entre a ECATI e a FPCV, através dos seus três proponentes: Prof. Dr. Manuel Damásio, Profa. Dra. Patrícia Pascoal, Mestre Daniel Cardoso.
De 18 a 22 de Julho
Total de 15 horas (3 horas por dia)
Das 18h - 21h
75€ - inscrição AQUI