10 de Março de 2021 - 15:30
O contexto dos Direitos Humanos e da cidadania íntima (Plummer, 1995) é frequentemente usado para explorar o poliamor (Cardoso, 2017) e outras formas de relacionamentos alternativas à mono-normatividade (Pieper & Bauer, 2005).
Estudar a forma como as Não-Monogamias Consensuais (NMCs) são representadas na imprensa permite compreender a cobertura do tema, a linguagem usada, os actores sociais mobilizados, e que conceitos são passados para o público em geral. O activismo em torno das NMCs em Portugal tem um historial ainda recente, em busca da criação de comunidade e visibilidade, apesar de persistentes problemas de representação (Cardoso, 2014, 2019).
Esta apresentação explora os resultados da análise da cobertura noticiosa sobre NMCs em Portugal, na imprensa escrita, entre 2010 e 2020, através de análise de conteúdo a 238 artigos e análise de discurso a um sub-conjunto destes. Através desta análise, podemos compreender que, apesar de o poliamor ter entrado de forma generalizada no vocabulário comum, a agenda mediática parece pouco sensibilizada para com as actividades e publicações de activistas sobre NMCs em Portugal, contribuindo para um foco individualizante, potencialmente despolitizado, nas narrativas mediáticas sobre NMCs. Serão também feitas algumas considerações sobre como as limitações desta análise levantam novas avenidas de investigação.